segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A oposição na Alerj é cor de rosa choque


Janira Rocha, Lucinha, e Clarissa Garotinho serão as ‘pedras no sapato’ de Cabral


Rio - Estreantes na Assembleia Legislativa (Alerj), três mulheres de diferentes partidos prometem fiscalizar de perto as ações de Sérgio Cabral (PMDB) nos próximos quatro anos. Oposicionistas declaradas, elas garantem que serão verdadeiras ‘pedras no sapato’ do governador. A tendência, porém, é que elas precisem suar bastante a camisa, pois Cabral conta com apoio da ampla maioria dos 70 deputados da Casa.

Lucinha (PSDB), Janira Rocha (PSOL) e Clarissa Garotinho (PR) afirmam que não vão usar os microfones do Plenário Barbosa Lima Sobrinho para fazer discursos elogiosos ao Palácio Guanabara. No caso de Clarissa, a postura não poderia ser diferente.

Filha do ex-governador Anthony Garotinho, desafeto público de Cabral, ela se elegeu vereadora na capital em 2008 e, durante dois anos, fez forte oposição a Eduardo Paes, correligionário de Cabral, na Câmara Municipal do Rio. Na Alerj, jura que não vai perseguir o governador.

“Sou de oposição, mas não de oposição sistemática, que vota contra tudo o que é de autoria do governo”, explica a parlamentar de 28 anos.

Dentro do próprio PR, porém, ela já encontra dificuldades. A legenda, que, teoricamente, seria de oposição, está dividida. Dos seus nove parlamentares na Alerj, apenas Clarissa seguiu a orientação da executiva do partido e votou contra Paulo Melo, um dos homens de confiança do governador, eleito presidente da Casa na quarta-feira, com 66 votos. Pelo visto, oposição a Cabral não é sinônimo de oposição a Melo.

Natural da Zona Oeste, Lucinha, 50, também era oposição na Câmara Municipal, onde, por exemplo, votou contra a aprovação da taxa de luz, defendida por Paes. Agora, promete ter postura semelhante no Palácio Tiradentes. Uma de suas principais bandeiras na Casa será na área do Orçamento. “Vou trabalhar na fiscalização do governo, principalmente no orçamento estadual”, planeja.

Novata no Legislativo, Janira Rocha, 49, tem origem no movimento sindical da Saúde e vai usar o seu mandato para lutar por melhorias nos hospitais públicos. Ela sabe que a oposição na Alerj não é numerosa. “Um grupo pequeno pode fazer grande política. Basta estar alinhado com os interesses da sociedade” , ressalva.

Além de Melo, Cabral contará com outras duas peças fundamentais na Casa. Uma é o líder do governo, André Corrêa, que precisou se licenciar do PPS, de oposição. Rafael Picciani (PM-DB), por sua vez, é filho do ex-presidente da Alerj, Jorge Picciani, e deve presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). “Não sou um homem que vai defender o governo, mas apoiá-lo. Muitos projetos já passaram por melhorias depois de sugestões da oposição”.

Ao ataque

O trio feminino de ‘fiscais’ planeja já iniciar a legislatura dando trabalho ao governador. A tucana Lucinha , por exemplo, tem pronto para apresentar um pedido de abertura de CPI. “Quero investigar os alagamentos nas casas do Conjunto São Fernando, em Santa Cruz, por causa da obra da CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico)”.
Clarissa, que já pediu CPI para investigar contratos do Estado com a Facility, acusada de formação de cartel, priorizará a Educação.“Vou fazer o projeto ‘Blitz nas Escolas’, que vigiará a qualidade das instituições de ensino”.

A deputada do PSOL, que vai fazer fiscalização no Orçamento, afirma: “É preciso combater a corrupção e lutar pela gestão apropriada dos recursos públicos em todo o estado.”
POR JOÃO NOÉ

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